domingo, 5 de agosto de 2012

Por falar em Fundações


Uma das que é considerada como “útil” vai também publicar um estudo sobre classes sociais e mobilidade social. Pelo pequeno texto no Público já temos mais ou menos ideia do teor da coisa. Essencialmente explicar como estamos melhor que há duas ou três gerações. É um serviço (não à nação) que tem que ser prestado, é preciso esquecer tudo o que está a ser perdido e criar um ponto de comparação negativo o suficiente para parecer que evoluímos.

Todos os Homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos...

O próprio artigo de jornal não é muito recomendável já que ao afirmar que a mobilidade social depende essencialmente da educação esconde outras coisas bem mais importantes no caso da cultura portuguesa. Em primeiro lugar o facto de quem ascende ter um curso superior não cria um laço de obrigatoriedade inverso, ou seja, não significa que tirar um curso leve necessariamente a qualquer tipo de ascensão social. E bastará ter um pouco de contacto com a realidade para perceber que dada a cultura de trabalho que está a ser implantada a indistinção salarial para funções completamente diferentes será cada vez a norma. Em parte será a tradicional visão de curto prazo do empresário português, subqualificado e sem responsabilidade. E em parte será também uma boa forma de estabilizar de vez as barreiras sociais ao fazer ver aos filhos da classe média que estudar não lhes trará nada.


 O outro factor que está a ser ignorado (e que é sempre ignorado por quem tem voz nesta sociedade) é a chamada “cunha”. É o pão nosso de cada dia e está mais que provado que a maioria dos portugueses é bastante hipócrita pois condena quando os poderosos o usam mas à primeira oportunidade que tem usa-a também. É uma prática completamente transversal à sociedade apesar de nos últimos anos se ter tornado mais complicada para quem não está no topo das pirâmides hierárquicas das organizações (sinal do tal fortalecimento das barreiras sociais). Dito isto penso que estará claro que não temos muito a esperar de órgãos de serviço às ideologias que criaram todos estas situações. Venha a propaganda. 

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